Já havíamos observado que a economia da Nova Zelândia apresenta atualmente sinais de fraqueza, e os dados mais recentes não fizeram nada para contrariar essa avaliação. Os índices PMI se deterioraram acentuadamente em maio: o PMI industrial recuou do nível de expansão (53,3) para o território de contração, em 47,5, enquanto o PMI de serviços caiu ainda mais, de 48,1 para 44,0.

Apesar disso, os bancos regionais avaliam o cenário econômico com um otimismo cauteloso. Por exemplo, o ANZ destacou em seu relatório semanal que a produção aumentou no primeiro trimestre. Esses dados já estão disponíveis e apontam para um crescimento de 2,4%, o maior avanço em dois anos e meio. Ainda não está totalmente claro como esse crescimento da produção se concilia com a forte queda dos PMIs, mas, por ora, parte-se do pressuposto de que uma contração do PIB será evitada.

O relatório do PIB do primeiro trimestre será divulgado na quarta-feira. Após três trimestres consecutivos de contração — de -0,5%, -1,6% e -0,8%, respectivamente —, finalmente se espera um retorno ao crescimento. As projeções variam: o RBNZ estima uma alta trimestral de 0,4%, enquanto o ANZ é mais otimista, prevendo 0,7%. De todo modo, esse resultado sinalizaria apenas o início de uma recuperação, e não uma expansão sólida.

O dado será fundamental para orientar os próximos passos do Banco da Reserva da Nova Zelândia (RBNZ). No momento, o mercado atribui probabilidades praticamente equilibradas entre um corte de juros e a manutenção da taxa na reunião de julho. Se o PIB vier em linha ou acima da projeção do RBNZ, cresce a chance de uma pausa no ciclo de cortes, o que favoreceria a retomada da valorização do kiwi. A taxa de juros atual já se encontra em território neutro, e novos cortes só seriam justificáveis diante de uma desaceleração econômica mais severa.

No cenário de médio prazo, o mercado ainda precifica três cortes até o fim do ano, o que levaria a taxa a 2,5% — patamar em que o ciclo de afrouxamento monetário deve se encerrar. Caso esse cenário se confirme, o kiwi tende a perder força frente ao dólar em termos de diferencial de juros (yield), limitando seu potencial de alta. Por outro lado, se o PIB superar as expectativas — alcançando o teto da faixa projetada, de +0,7% —, o NZD/USD pode ganhar novo impulso, já que o RBNZ se mostraria menos inclinado a acelerar os cortes, mantendo os rendimentos elevados por mais tempo.

A posição líquida vendida em NZD recuou US$ 135 milhões na semana de referência, totalizando -US$ 1,285 bilhão. Embora a inclinação baixista ainda persista, a recompra de posições vendidas segue, ainda que em ritmo moderado. Após uma breve pausa, a estimativa de valor justo voltou a superar a média de longo prazo, reforçando a expectativa de fim da consolidação e retomada da tendência de alta do NZD/USD.

Em nosso relatório anterior, sugerimos que a zona de resistência de 0,6010/30 seria testada, apesar de o kiwi ter força interna limitada para gerar ganhos. Isso ainda não ocorreu, mas nossa previsão permanece inalterada - ainda esperamos que o NZD/USD volte a subir. A base para uma forte alta continua sendo pequena; a principal força motriz é a fraqueza do dólar dos EUA. O suporte está em 0,6034, e consideramos baixa a probabilidade de um movimento abaixo desse nível. Se a resistência for rompida, o próximo alvo será a alta local em 0,6373.